O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (DPLP) é um dicionário online de português. Compreende o vocabulário geral e os termos das principais áreas científicas e técnicas. O DPLP contém informação sobre as diferenças ortográficas e de uso entre o português europeu e o português do Brasil.
A classe 1 apresenta um discurso sobre o namoro mais focado na fidelidade, como relação compromissada que cria intimidade e visa à felicidade mútua mediante o respeito pela individualidade de cada parceiro. Esta classe é compartilhada Xvideos por alunos que haviam namorado no passado e não estavam namorando no momento da pesquisa, de modo que a representação global do namoro ganha esta particularização em razão da vivência do sujeito com o objeto da representação, que faz com que alguns elementos fiquem em evidência, como a questão do compromisso. Como um mecanismo de adaptação cognitiva à situação de estar só (Rodrigues e colaboradores, 2002), o indivíduo aqui parece ressaltar os aspectos negativos de uma relação comprometida (Justo, 2005). É fato que o namoro, antes da revolução sexual, em geral, consistia em uma relação que antecedia o casamento, tinha duração relativamente curta e interações controladas pelos pais. Atualmente, no entanto, muitos tipos de relações interpessoais são designadas por este termo, desde uma relação curta e descompromissada até a co-habitação (Béjin, 1987).
título : Amor encantado: o poder mistico dos relacionamentos intimos
A análise do núcleo central apresenta noções compatíveis com o conceito de relacionamento atualmente mais comum, segundo o qual a estabilidade das relações íntimas deve-se ao compromisso, à confiança, à intimidade, ao amor e à amizade (Giddens, 1994). O sistema periférico apresenta noções que permeiam as relações conceituadas pelo núcleo, na relação dos indivíduos na cotidianidade, bem como seus embates e negociações íntimas (Justo, 2005). As concepções feministas sobre o amor reivindicaram o seu carácter debilitante e opressor para as mulheres, na medida em que as tem enclausurado num ideal de felicidade e de realização social que não tem sido mais do que uma falsa promessa de liberdade e de autonomização. O amor romântico, concebido durante décadas como o elixir para a consagração dos afectos entre os sexos, fundamentou (e fundamenta ainda) a reprodução de relações de poder estatutariamente desiguais entre os homens e as mulheres, cujas repercussões se fizeram (e se fazem) sentir na organização da vida social.
Entretanto, como ressalta Bauman (2008), faça o que se fizer, nunca será o suficiente para o sujeito inserido na sociedade líquida contemporânea, pois as pessoas totalmente submersas no capitalismo vigente se transformaram em mercadorias. É preciso, assim, que cada um obedeça à lógica incessante do mercado e esteja sempre e freneticamente renovando e agregando mais valor a sua imagem, por meio do consumo e de sua exposição ao outro, sendo esta postura enxergada como a melhor estratégia de marketing pessoal para o sucesso. É possível observar na fala dos entrevistados a busca por uma estabilidade, uma constância, uma unidade do sujeito. A unidade é da ordem imaginária e do eu, a instância psíquica responsável por tentar garantir ao sujeito essa integração. No que se refere à transição adolescente, essa tentativa de manutenção da “totalidade” é um motivo de atração (ponto que pode atrair os sujeitos), uma vez que eles se encontram em um momento de certa ruptura da unidade corporal imaginária.
Espaço Íntimo
Esse tipo de amor é perigoso, porque cada membro pode acabar andando em círculos numa estrada de duas vias em vez de seguirem os dois na mesma direção. Mas, ainda que você ache que é tudo uma coisa só, esses dois sentimentos são distintos. E, acredite, conhecer suas diferenças pode mudar o seu jeito de se relacionar e, principalmente, a sua vida sexual. Nesse momento em que o sujeito é atravessado pelo real, diante de um encontro faltoso, se desvela aquilo que a fantasia vem velar, a saber, o sujeito castrado, dividido por sua própria incompletude.
Para a análise da questão aberta foi utilizado o software Alceste – Analyse lexicale par contexte d’um ensemble de segments de texte (Reinert, 1998). Este programa realiza uma “análise hierárquica descendente que oferece contextos textuais que são caracterizados pelo seu vocabulário, e também por segmentos de texto que compartilham esse vocabulário” (Nascimento-Schulze & Camargo, 2000, p. 297). O programa divide o corpus em UCI (Unidade de Contexto Inicial), que corresponde à resposta de um indivíduo, e em UCE (Unidade de Contexto Elementar), segmentos do texto que constituem o ambiente da palavra. Foi realizada uma primeira análise standart e a segunda comparou os dados da amostra feminina e masculina – análise tris-croisés. Já na análise descritiva dos dados demográficos e de identificação foi utilizado o programa SPSS.
Ao mesmo tempo, esse eu torna-se também objeto a ser exaltado pelo outro, que também o olha virtualmente horas por dia. Todavia, é preciso ressaltar que, apesar dessa tentativa, o espaço virtual não garante essa unidade ou completude. Mesmo nos relacionamentos virtuais, o sujeito se depara com os equívocos e as contradições do discurso que atestam sua inconsistência. O sujeito pode se confrontar com o real mesmo no ambiente virtual, por exemplo, quando se depara com uma imagem ou palavra que tocam em algo que não pode ser nomeado, que pode fazê-lo emergir da virtualidade.
Durante o Renascimento, ao mesmo tempo em que houve uma diminuição do poder da Igreja, cresceu a influência do protestantismo e, em particular, do puritanismo, difundido desde a Grã-Bretanha, mantendo-se a aversão ao sexo, a tal ponto de Lutero ter afirmado que “no casamento, Deus encobre o pecado”. Entre os romanos, também o amor não ocupava o primeiro lugar no casamento, predominando, principalmente nos meios aristocráticos, os interesses econômicos e políticos. O objetivo principal do casamento era formar uma família, que passa a ser valorizada social e politicamente, cabendo à mulher as tarefas de atender ao marido, cuidar da casa e criar os filhos.
Arquivos Brasileiros de Psicologia
O papel do amor na dinâmica da intimidade é inegável nas sociedades ocidentais, sendo inclusivamente um dos elementos centrais da vida social. O argumento de que o amor constitui o motor do desenvolvimento das relações interpessoais, sobretudo para as mulheres, representa uma peça fundamental na construção dos discursos sociais sobre a felicidade humana e os factores que a configuram. Tradicionalmente perspectivado como feminino, o amor tem sido apontado às mulheres como a sua suprema vocação,1 enredando-as, não raras vezes, num ideal de intimidade potencialmente castrador da sua autonomia e liberdade pessoal. Este artigo pretende reflectir criticamente a respeito das implicações da construção social dos discursos sociais sobre o amor na vivência da intimidade adulta feminina heterossexual, a partir de uma leitura feminista crítica. Discute-se neste documento a importância de assumir o discurso amoroso como um discurso paritário e democrático. Expor-se, transpor as barreiras do privado para o público é sempre um risco, já que não há garantias sobre os seus efeitos sobre o outro.
Por ser um tipo de interação, a noção de namoro implica diversas componentes identitárias socialmente compartilhadas que indicam ao indivíduo seus valores, comportamentos e atitudes em relação ao seu grupo e àquele em oposição ao qual o seu é identificado. Assim, homens e mulheres compartilham identidades sexuais ao mesmo tempo em que particularizam a representação social não só de femini-lidade e masculinidade, mas da relação intersubjetiva entre eles. Apesar de progressivamente alguns estudos estarem a ser feitos no sentido de avaliar os efeitos negativos das relações de intimidade (aquilo a que Diane Felmlee e Susan Sprecher69 apelidaram de “o lado obscuro das relações de intimidade”), escasseiam ainda investigações aprofundadas sobre esses efeitos.
Em paralelo, sabemos também que evolutivamente desenvolvemos uma necessidade psicológica/emocional de segurança, estabilidade e previsibilidade. A monogamia antecede o processo civilizatório em muitas sociedades, e deduz-se que isso tem a ver com a necessidade evolutiva de criar condições para o desenvolvimento da prole. Ou seja, a monogamia não é meramente uma construção da cultura, mas tem um caráter de preservação da espécie em sua história”, elucida.
Trata-se de um momento de fragilidade do eu e, assim, o adolescente busca certezas que lhe garantam, ainda que imaginariamente, uma consolidação e síntese do eu. As reformas protestante e católica, graças à importância dada à piedade e à confissão, instigaram o desenvolvimento da intimidade no final do século XVIII, sobretudo na Inglaterra e na França. Assim, passam a ser a cultivados os amores secretos, proibidos, e os desejos sexuais inconfessáveis, fontes de sofrimento e culpa. A noção de privacidade, tal qual a conhecemos, surge a partir do Renascimento europeu. Na sociedade de corte não existia a divisão da vida humana em esferas pública e privada (Elias, 1993), servindo a habituação ao espírito de previsão e ao controle mais rigoroso da conduta e das emoções como marcas de distinção e prestígio, valores preciosos para a nobreza. O medo da perda desses valores constituiu uma poderosa força para converter em autocontrole o controle até então exercido por outras pessoas.
A dominação masculina incrustada nas práticas, nas estruturas e nos discursos sociais legitima a existência de uma amor desequilibrado entre homens e mulheres. Como sugere Anália Torres, a propósito do trabalho de Goode, a forma como o amor está relacionado com a estrutura social ultrapassa a dicotomia entre a possibilidade ou não de amor romântico. A culpa e a vergonha fazem com que a pessoa se feche, se isole dentro do próprio relacionamento.